Aos programas humorísticos
Vejam aqui o que diz a lei eleitoral.
I – transmitir, ainda que sob a forma de entrevista jornalística, imagens de realização de pesquisa ou qualquer outro tipo de consulta popular de natureza eleitoral em que seja possível identificar o entrevistado ou em que haja manipulação de dados (Lei nº 9.504/97, art. 45, I);
II – usar trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer forma, degradem ou ridicularizem candidato, partido político ou coligação, bem como produzir ou veicular programa com esse efeito (Lei nº 9.504/97, art. 45, II);
…
§ 2º Entende-se por trucagem todo e qualquer efeito realizado em áudio ou vídeo que possa degradar ou ridicularizar candidato, partido político ou coligação, ou que possa desvirtuar a realidade e beneficiar ou prejudicar qualquer candidato, partido político ou coligação.
“Os programas humorísticos são os mais afetados por essa lei. Isso é censura!”
Esta frase demonstra a opinião de muitos humoristas.
Isso é um problema?
Na verdade, eu não vejo problema algum em fazer piadas com os nossos candidatos. Porém, esta discussão não é tão simples.
Por volta de 2005 e 2006, não me lembro ao certo, o programa Pânico na TV ridicularizou o senhor Clodovil em rede nacional, quando tentou fazer o moço calçar as sandálias da humildade. Este teatro durou por muito tempo. Querendo ou não, o programa aumentou a popularidade de Clodovil.
Em 2006, Clodovil lançou sua candidatura a deputado federal e o resultado das eleições todos nós sabemos.
Se ele foi ou não um bom político não me interessa, o que estou tentando mostrar é que a televisão tem o poder de inserir informações nas nossas cabeças. Pura manipulação! É só olhar o caso de Mizael Bispo dos Santos, de Isabella Nardoni, do goleiro Bruno e muitos outros.
Afirmar que a popularidade não influencia na conquista de votos é negar os fatos, esquecer que a propaganda funciona. Muitos candidatos famosos foram eleitos: Frank Aguiar (Auuu!), Netinho de Paula (Que lindo, Waguininho!), Marco Aurélio Cunha (SPFC-GLS), Agnaldo Timóteo (Regador oficial da Casa dos artistas) etc. A fórmula deu tão certo que este ano temos muitos candidatos famosos. Clique aqui e veja.
“- Ah Willian, assim você está dizendo que o povo não tem autonomia para escolher o programa que vai assistir?”
É o que eu canso de ouvir.
Muitos me dizem que o problema não é este, pois você é livre para escolher o canal de televisão que quiser. Ok, isso é verdade! Porém, uma parcela grande do povo é constituída de pessoas simples que, por causa do baixo salário , não possuem muitos canais com um sinal legal e acabam assistindo o programa que tem melhor imagem. Outro possível problema é o baixo nível de escolaridade e falta de informação que pode influenciar na escolha do canal a ser assistido e pior, na escolha do candidato.
Isso, apesar de ser uma generalização, é um fato estatístico. O povo cai nas ‘graças’ dos programas televisivos. Infelizmente, a autonomia ainda está um pouco distante dessas pessoas. Por este motivo, acredito que “Censurar” as gracinhas e as piadas feitas pelos programas de TV não é uma coisa ruim.
Os programas de TV não deviam ficar tão nervosos por causa deste empecilho. Afinal de contas, eles são muito criativos.
Vejam os nossos profissionais formados em medicina. Todos os dias, eles têm de lidar com problemas muito maiores do que esse que os humoristas estão enfrentando. A falta de equipamentos médicos é um fato inegável, os hospitais públicos não são o que deveriam ser e, mesmo assim, eles têm de trabalhar. Note que isto que acabei de escrever não implica que o humorista não deva reclamar o que lhe é de direito. O médico que faz milagres com o pouco recurso que o governo lhe oferece tem o direito e o dever de reclamar por melhorias, assim como os humoristas também o têm.
Lembrem-se de que a TV tem um enorme poder de influenciar a opinião do povo simples, que é a maioria. Por isso, parafraseando o Tio Ben, “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades.”
É isso!
Atualização 2015: Não concordo com o Willian de 2010.
Vou comer! =P
►Para saber mais:
Acesso em 05 de Janeiro de 2019.
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