Conversa de botas batidas

Eu sei que (infelizmente) existem pessoas que não curtem a banda, mas temos que admitir a genialidade das músicas dos Los Hermanos.
 
Muitos já devem conhecer essa história… eu não conhecia! No entanto, quando li no blog Pensar enlouquece achei demais e a música “Conversa de botas batidas” passou a ter outro significado…
 
Essa história começou (e terminou) no dia 25 de setembro de 2002, no antigo hotel Linda do Rosário localizado na rua do Rosário, na cidade do Rio de Janeiro. Devido a uma reforma mal executada que acabou abalando a estrutura do prédio, o hotel veio a desabar… infelizmente duas pessoas (um casal) acabaram morrendo sob os escombros. Sobre o casal, não sabemos seus nomes – um professor, que na época tinha 71 anos de idade, e uma bancária, com 47 anos. A identidade dos dois foi mantida em segredo pelo seguinte motivo: eles viviam um romance secreto! Após o desabamento seus corpos foram encontrados nus e abraçados sobre os restos da cama…
 
A tragédia inspirou a artista plástica Adriana Varejão a criar a obra “Linda do Rosário”, de 2004.
 
Linda do Rosário, obra da artista Adriana Varejão inspirada nas paredes azulejadas do hotel que desabou em 2002
“Linda do Rosário” (2004), obra da artista plástica Adriana Varejão. Fonte: inhotim

Essa trágica história de amor inspirou o vocalista da banda, Marcelo Camelo, a compor a música que faz parte do álbum Ventura, de 2003.

Conversa de botas batidas

(Los Hermanos)
 
Veja você, onde é que o barco foi desaguar
A gente só queria um amor
Deus parece às vezes se esquecer
Ai, não fala isso, por favor
Esse é só o começo do fim da nossa vida
Deixa chegar o sonho, prepara uma avenida
Que a gente vai passar.
 
Veja você, quando é que tudo foi desabar
A gente corre pra se esconder
E se amar, se amar até o fim
Sem saber que o fim já vai chegar
 
Deixa o moço bater
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar
 
Abre a janela agora
Deixa que o sol te veja
É só lembrar que o amor é tão maior
Que estamos sós no céu
Abre as cortinas pra mim
Que eu não me escondo de ninguém
O amor já desvendou nosso lugar
E agora está de bem
 
Deixa o moço bater
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar
 
Diz, quem é maior que o amor?
Me abraça forte agora, que é chegada a nossa hora
Vem, vamos além
Vão dizer, que a vida é passageira
Sem notar que a nossa estrela vai cair

 Camelo descreveu a canção da seguinte maneira:   “Uma divagação sobre uma situação real. Um senhor e uma senhora morreram num desabamento aqui no Rio, e eles eram amantes. A música é como se fosse uma conversa deles antes de o prédio desabar.”

A vida tem dessas coisas…

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Acesso em 26 de Fevereiro de 2019

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